sábado, 31 de julho de 2010

shakespiriano

Matei-me por amor

Uma desgraça
Nunca morre só

Suicídio

O sonho estatelou-se
Desgostoso
Era mais pesado que o ar

Infindo

Das mãos

Eclodiu com suavidade
A ideia
Acorrentada a um fio de azeite
Cresceu
Talvez imenso
Deixou de ser apenas um substantivo comum
Adjectivou-se com superioridade
Excedeu as preposições

Esgotada
Tombou livro

Morte

Tudo amadurece
Com sol
Ou com chuva

A vindima chegará

Marcas eternas

Apaixonei-me
Numa rua que ainda existe
O beijo
Um ferrete para marcar tempo

A janela:
Ainda tem os meus olhos

Cachoeiras

Viagem

O tempo sorveu um corpo
A concupiscência
Que albergou a sensualidade
É agora uma figura geométrica

O varão
Outrora, prazer
Recumbiu-se
Ao futuro

Tempo

Sacudi a noite na primeira janela da manhã
Restos de sonhos

As orvalhadas…
Já se fazem sentir

E as noites outrora lúdicas
Hoje, fadigoso

Depois do Outono

A chuva apronta a faina da terra
Escala o sol
Em cada raio solar
Uma gotícula, uma refrega

Às nuvens:
O Inverno amanha o rigor

A Dama das Camélias

A Dama das Camélias
Colheu um sorriso

Deletreou um desejo
A uma pétala lilás

Alentada

Ainda que remotamente
Um dia

Será menina

Plantação

Plantei uma lágrima
Era azul
Cobri-a de terra pura
*
Um dia
Será
*
Amendoeira em flor
*
Branca